A Guerra de Stalin contra os Judeus - Parte 5
O ponto culminante da guerra de Stalin contra os judeus aconteceu em 12 de agosto 1952, data que marca a sinistra “Noite dos Poetas Mortos”, quando foram executados por fuzilamento escritores, jornalistas e poetas judeus sob acusações de “crimes contrarrevolucionários”.
Os promotores apontaram como sede principal da conspiração o Comitê AntiFascista, que foi extinto. As inócuas correspondências mantidas entre o Comitê e diversas entidades culturais no Ocidente,
nem sempre judaicas, foram apresentadas como “uma rede de difamação da União Soviética”.
O assunto da Crimeia recebeu o rótulo de “alta traição”. E sobre todos esses itens havia um provido de torrencial majestade: ações de subversão e de espionagem. Antes de serem mortos, os prisioneiros haviam sido submetidos a infindáveis
sessões de torturas e interrogatórios. Um deles, Josef Yuzefovitch, mestre em pesquisas do Instituto de História da Academia Soviética de Ciências, declarou durante seu julgamento, no decorrer do qual nem ele, nem os outros acusados, tiveram direito a advogados de defesa: “Eu fui torturado com tanta violência, que estava disposto a confessar que era sobrinho do Papa e que vinha agindo conforme ordens expressas do Vaticano”.
O detento mais visado foi Peretz Markish, poeta de enorme talento e, inclusive, detentor da Ordem de Lenin. Trinta anos atrás, o historiador S. Bentsianov empreendeu um minucioso trabalho para resgatar a vida e a obra de Markish. Em 1988, inaugurou na cidade de Polonoie um pequeno museu que contém fotografias, exemplares de livros, cartas, artigos em jornais e revistas e o documento original do mandado de prisão expedido contra o grande poeta. (Anos atrás conheci no Rio de Janeiro seu filho, David, que me disse com um leve tom poético: “Quando eu era criança, em Moscou, achava que a palavra Copacabana tinha um poder mágico tão forte como abracadabra”).
No acerto de contas da História, Stalin perdeu a guerra contra os judeus. O comunismo morreu e o Estado de Israel é uma consistente realidade, onde nos últimos 20 anos foram acolhidos mais de um milhão de judeus russos.
Bibliografia:
Rapoport, Louis, “Stalin’s War Against the Jews”, editora Free Press, EUA, 1990.
Volkogonov, Dmitri, “Stalin”, editora Nova Fronteira, Brasil, 2004.
Rubenstein, Joshua; Naumov, Vladimir; Wolfson, Laura, “Stalin’s Secret Pogroms", editora Yale University Press, EUA, 2001.
Rayfield, Donald, “Stalin and his Hengmen”, editora Random House, EUA, 2005.
A elite vitimada por Stalin
Peretz Markish, poeta e dramaturgo.
David Hofstein, poeta.
Itzik Feffer, poeta.
Leib Kvitko, poeta e autor de livros infantis.
David Bergelson, romancista.
Solomon Lozovsky, diretor do Departamento Soviético de Informação.
Boris Chimelovitch, médico, diretor do hospital Botkin.
Benjamin Zuskin, assistente de Michoels no Teatro Estatal Judaico.
Josef Yezufovitch, pesquisador de história.
Leon Talmy, tradutor e jornalista.
Ilya Vatenburg, editor do jornal do Comitê Judaico AntiFascista.
Chaika Vatenburg, mulher de Ilya, tradutora.
Emilia Teumin, editora do “Dicionário Diplomático” do Departamento Soviético de Informação.
Solomon Bregman, vice-comissário de assuntos externos.
Fonte: Morashá
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