A associação norte-americana Survivors Network of Those Abused by Priests -- Snap (Rede de Sobreviventes de Abusados por Padres, na sigla em inglês), afirmou hoje que as vítimas italianas de pedofilia estão "aterrorizadas" e temem denunciar os abusos publicamente.
"Entramos em contato com algumas vítimas italianas. Estão aterrorizadas. Não se sentem seguras em vir à tona, porque, como explicaram, temem repercussões em suas vidas famílias e profissionais", comentou um dos membros da entidade, em um encontro da Snap realizado em Roma, em ocasião do encerramento do Ano Sacerdotal, promovido pelo Vaticano desde o último ano.
O mesmo integrante destacou ainda que, diante disto, serão realizados encontros privados com as vítimas italianas, para conversas e trocas de experiências, a fim de "promover o nascimento de uma rede de vítimas". "Nesse ponto, estamos seguros que as vítimas italianas também terão coragem de vir à tona", observou.
A Snap também afirmou que os menores norte-americanos que foram abusados sexualmente por sacerdotes aguardam desculpas oficiais do papa Bento 16. A entidade espera que, na próxima quinta-feira, quando o pontífice se reunirá com padres do mundo todo, haja um pronunciamento sobre a questão.
Além disso, a organização pede que o papa faça "mea culpa" e adote medidas para prevenir novos casos de pedofilia e para denunciar à Justiça os sacerdotes que foram encobertadas.
"Não há perdão sem justiça", afirmaram os representantes da Snap, em uma coletiva de imprensa em Roma.
"As desculpas, devem seguir três etapas: primeiro de tudo deve ser implementada uma drástica linha de tolerância zero, através da remoção imediata de quem abusou de menores", explicaram.
Segundo os membros da entidade, os outros passos seriam uma "completa transparência do papa".
"Até que não sejam tomadas iniciativas concretas, as desculpas não servem para nada. Muitas vítimas temem ainda que a Igreja esteja fazendo promessa para a luta contra a pedofilia, mas, na realidade, continuarão a encobrir [os casos]", disseram.
Nesta manhã, a Conferência Episcopal Italiana (CEI) publicou uma carta aos sacerdotes do país dizendo confiar neles e apontando que as denúncias de abuso sexuais são "acusações generalizadas, que produziram amargura e dor, e lançaram suspeitas sobre todos".
Nos últimos meses, uma série de denúncias de abusos sexuais recaiu sobre a Igreja Católica em países como Itália, Reino Unido, França, Estados Unidos, Noruega, África do Sul, México, Irlanda, Dinamarca, Canadá, Áustria, Espanha, Alemanha, entre outros. Por diversas vezes, o Pontífice lamentou os possíveis crimes e ressaltou o quanto prejudicam a imagem e a função da Igreja.
Fonte: Folha Online