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Irlanda lança ataque sem precedentes contra o Vaticano

Vaticano está sendo acusado de colocar entraves às investigações sobre os abusos sexuais cometidos por membros do clero.

O “relatório Cloyne”, afirma que a Santa Sé tentou abafar as violações de menores cometidas por sacerdotes em Cork, a segunda maior cidade da Irlanda.

O primeiro-ministro denunciou no parlamento de Dublin o que disse ser “a atitude disfuncional, o autismo, o elitismo e o narcisismo que até hoje dominam a cultura do Vaticano”.

“A violação e tortura de crianças foi desdramatizada ou “manipulada”, de forma a preservar em primeiro lugar o primado da instituição, o seu poder, posição e reputação” afirmou Enda Kenny.

O Governo e a oposição irlandesa aprovaram por unanimidade uma moção de condenação à Santa Sé, acusando-a de ter “sabotado” uma decisão de 1996 dos bispos irlandeses, que tencionavam, a partir daí, passar a denunciar às autoridades os acusados de abusos.

Carta do Vaticano desencorajava bispos irlandeses

Uma carta confidencial do Vaticano, datada de 1997 e publicada em janeiro pela Associated Press, instruía os bispos da Irlanda, para que tratassem dos casos de abuso sexual de crianças, “estritamente em termos da lei canónica”.

Na missiva, o Vaticano avisava os prelados de que a política de proteção de menores por eles aprovada em 1996, e em particular a ênfase em denunciar os culpados de abusos à justiça civil, “violava a lei canónica”.

“As revelações do relatório Cloyne levaram o Governo, os católicos irlandeses e o Vaticano a uma encruzilhada sem precedentes”, disse o primeiro-ministro aos parlamentares, avisando que as relações entre a Igreja e o Estado irlandês nunca mais poderão voltar a ser as mesmas.

"Isto não é Roma"

“Isto não é Roma. Isto é a República da Irlanda em 2011, uma república de direito", disse Enda Kenny, sublinhando que o cânone católico “não tem legitimidade nem lugar nos assuntos deste país”.

O líder da oposição, Micheál Martin, que foi membro do anterior Governo, relatou ao parlamento que, em 2009, tinha informado o núncio papal de que “o Governo esperava toda a colaboração do Vaticano no relatório Coyne”.

Segundo Martin, o Vaticano preferiu, em vez disso, focar-se sobre os interesses da Igreja, em detrimento dos das crianças que tinham sido vítimas de abusos por parte do clero a ela pertencente e sob a proteção dos seus líderes.

O encontro entre Micheál Martin, então ministro dos Negócios Estrangeiros, e o núncio papal ocorreu em 2009 na sequência da publicação do relatório Murphy que detalhava os esforços das autoridades eclesiásticas para abafar os abusos sexuais na diocese de Dublin.

Parlamento "deplora" intervenção do Vaticano
A moção hoje aprovada diz que o parlamento irlandês “deplora a intervenção do Vaticano, que contribuiu para minar as regras de proteção de menores do Estado irlandês e dos bispos do país”.

A única critica à moção por parte dos deputados irlandeses foi de que não era suficientemente dura, tendo alguns sugerido que a palavra “condena” fosse utilizada em vez de “deplora”.

Durante o debate de hoje alguns parlamentares apelaram mesmo à expulsão do embaixador da Santa Sé e ao corte de relações diplomáticas, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros irlandês Eamon Gilmore disse que tal ação seria contraproducente.

Na semana passada, o responsável pela diplomacia irlandesa convocou o embaixador do papa, e exigiu uma explicação oficial por parte do Vaticano.

Igreja justifica-se

Numa carta pessoal, publicada antes do debate de hoje, o porta-voz da santa Sé, padre Frederico Lombardi, fez saber que a igreja ainda está a preparar uma resposta oficial ao relatório publicado na semana passada.

A título pessoal, Lombardi disse que o que é relatado na carta de 1997 representa “um passado distante” e que nem antes, nem agora se pretendia minar a atitude de denúncia dos crimes por parte da igreja irlandesa .

“Não há absolutamente nada na carta que seja um convite à desobediência para com as leis do país”, afirmou.

Esta foi a primeira vez que o parlamento irlandês criticou diretamente a Igreja de Roma em vez dos líderes eclesiásticos locais, no contexto dos últimos 17 anos de escândalos de abusos sexuais cometidos por padres na Irlanda.

As revelações vieram contribuir para enfraquecer a autoridade do Vaticano, num país em que a igreja católica ainda é proprietária da maioria das escolas e de vários hospitais, e onde os meios de difusão estatais ainda emitem duas vezes ao dia um apelo à oração católica.

Fonte: RTP - Portugal