Igreja sagrada de Belém é cenário recorrente de briga entre religiosos

Conflito entre armênios e ortodoxos gregos ocorre mais uma vez devido a disputa por espaço.

Ainda não é uma tradição de fim de ano, mas clérigos ortodoxos gregos e armênios voltaram a brigar na igreja da Natividade, em Belém (Cisjordânia), um dos lugares mais sagrados para os cristãos.

Como aconteceu no ano passado, os religiosos, armados de vassouras -mas também apelando para os punhos e para as agressões verbais-, brigaram sobre quem tinha direito de limpar o quê.

A briga desta vez começou depois que um dos clérigos (não se sabe de qual dos lados nem se por acidente ou de propósito) varreu o espaço que é "domínio" do outro grupo, anteontem.

O controle da igreja da Natividade (onde Jesus Cristo teria nascido) é dividido entre gregos ortodoxos, apostólicos armênios e católicos, e as relações de poder do local ditam que aceitar que uma parte limpe algo que não é seu significa ceder esse território.

Em um local em que até os candelabros têm dono, invadir o terreno alheio é comprar briga certa -as tensões sobre as posses da igreja foram um dos fatores que levaram à guerra da Crimeia, em meados do século 19.

E foi o que aconteceu anteontem, quando mais de cem pastores e monges só interromperam a briga depois da intervenção da polícia palestina, que chamou a contenda de " problema trivial".

"Tudo ficou bem e as coisas retornaram ao normal. Ninguém foi preso porque todos os envolvidos são homens de Deus", disse o tenente-coronel Khaled al-Tamimi.

Ninguém ficou ferido agora, ao contrário do que ocorreu, por exemplo, em 2007, quando sete clérigos se machucaram em uma briga.

Houve uma briga similar no ano passado, e, nos anos 1980, eles, além das vassouras, apelaram para cadeiras em uma disputa sobre quem tinha o direito de limpar determinada parede do templo.

A limpeza é um ritual que envolve as três religiões para preparar a igreja para as celebrações do Natal ortodoxo, que ocorre em 7 de janeiro.

Ela é realizada anualmente, com toda a igreja sendo varrida para receber a chegada de religiosos e turistas.

Fonte: Folha de São Paulo