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Com vitória dos islamitas nas urnas, cristãos de países árabes terão Natal discreto

Um ano de movimentos revolucionários desencadeados pelas demandas por democracia no mundo árabe está resultando em governos liderados por islamitas, que estão assustando as perseguidas comunidades cristãs.

O impacto na vida das pessoas é claro. A maioria dos cristãos no Egito está optando por comemorações de Natal discretas neste ano, para evitar provocar os islamitas, que estão se sentindo ainda mais encorajados devido aos resultados eleitorais. A violência na Síria fez com que líderes religiosos cancelassem comemorações públicas de Natal.

“O Natal está em 10º ou 11º lugar na lista de preocupações das pessoas”, afirma Michel, cristão sírio nativo da cidade sitiada de Horms, no oeste da Síria. “A primeira preocupação é voltar para casa vivo”. A segunda é obter combustível para aquecimento. E a terceira e conseguir gás para cozinhar... Natal? Todo mundo esqueceu o Natal”.

No Egito, os cristãos coptas, que representam 10% da população e que participaram entusiasmadamente da revolução, ficaram desalentados com o resultado das eleições, já que os partidos políticos vinculados à islamita Irmandade Muçulmana e ao puritano movimento salafista receberam quase dois terços dos votos populares.

O ceticismo inicial dos cristãos sírios em relação à rebelião só se intensificou à medida que a revolta assumiu uma dimensão cada vez mais sectarista, com um movimento de oposição preponderantemente sunita, caracterizado por uma identidade cada vez mais islamita, confrontando um regime secular dominado pela seita xiita alawita, que, de forma geral, tem protegido os cristãos e outras minorias religiosas.

As dúvidas dos cristãos em relação à rebelião árabe foram ecoadas pelo líder da comunidade maronita do Líbano, o patriarca Bishara Boutros al-Rai, que surpreendeu alguns dos seus oponentes em outubro ao elogiar o presidente autocrata Bashar al-Assad, chamando-o de “indivíduo de mente aberta” e pedindo aos fiéis que dessem ao governo mais tempo para implementar reformas. Os defensores da democracia no mundo árabe ficaram surpresos. Mas os cristãos em toda a região entenderam a mensagem do patriarca.

“No início, eu apoiava bastante tudo o que está ocorrendo na Síria. Todos nós queríamos o fim desse regime corrupto”, explica Michel. “Mas nós começamos a presenciar muitas coisas desagradáveis”, diz ele, pedindo que o seu sobrenome não seja divulgado por temer pela segurança da sua família. “Nós vimos a ascensão dos radicais na Síria. Achávamos que não havia tanta diferença religiosa na Síria, mas aparentemente há”.

Tendo raízes na região que remontam à Idade Antiga, as comunidades cristãs do mundo árabe são geralmente pequenas, mas influentes, tendo fortes vínculos com o Ocidente e possuindo geralmente um nível de escolaridade e de riqueza mais elevado do que a média da região.


Antes mesmo dos acontecimentos deste ano já havia sinais de que os árabes cristãos estavam se retraindo da vida pública. Grandes comunidades cristãs nos territórios palestinos ocupados por Israel, na Jordânia e no Iraque sofreram uma redução de tamanho devido a guerras ou à falta de oportunidades.

Muita gente esperava que a rebelião árabe fosse marcar uma reemergência dos cristãos. Mas as revoluções pareceram ter desencorajado os árabes cristãos após o desempenho inesperadamente vigoroso dos partidos políticos islamitas mais ostensivos nas eleições egípcias e tunisianas.

Os agora dominantes islamitas têm se empenhado em afirmar que os direitos dos cristãos e de outras minorias religiosas serão protegidos sob qualquer governo futuro. A Irmandade Muçulmana do Egito incluiu alguns membros cristãos figurativos no seu partido político. E o recém-eleito presidente tunisiano, Moncef Marzouki, um esquerdista secular em uma coalizão liderada por islamitas moderados, reuniu-se com as comunidades cristãs e judaicas do seu país na semana passada, e rogou aos judeus que emigraram do país que retornassem.
Mas nada disso fez com que diminuíssem as suspeitas em relação à agenda dos islamitas.

No Egito, muitos coptas sentem-se traídos pela manobra política dos islamitas. Logo após a derrubada do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro, várias pesquisas mostraram que a Irmandade Muçulmana contava com o apoio de cerca de um terço do eleitorado. Os líderes do grupo afirmaram que não procurariam obter mais de 50% das cadeiras no parlamento e que não lançariam um candidato à presidência. E os salafistas a princípio não manifestaram nenhum interesse em participar do processo político.

Porém, estimulados pela competição mútua e possivelmente encorajados por financiadores estrangeiros, eles acabaram abraçando a política eleitoral com fervor, atropelando os jovens ativistas, preponderantemente seculares, que lideraram a revolução, de uma maneira que denota cinismo e sede de poder. Eles acabaram conquistando dois terços dos votos. A ascensão dos islamitas foi como a aplicação de sal sobre as feridas dos cristãos egípcios, que ainda não se recuperaram de episódios como o atentado a bomba, no último Ano Novo, contra uma igreja em Alexandria, as tentativas dos islamitas de destruir igrejas e um confronto letal entre manifestantes coptas e o exército em outubro.

“Sempre houve algum tipo de perseguição contra nós. Atualmente essa perseguição intensificou-se devido à ascensão dos islamitas”, diz Christine Massis, estudante de artes e comunicação de massas na Universidade Americana no Cairo. “Eu conheço muita gente que está deixando o país por desaprovar o que está ocorrendo, ou por ter medo. E eu própria estaria mentindo se lhe dissesse que não tenho pensado em ir embora do Egito”.

Fonte: Financial Times traduzido por UOL