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Caso de atirador sugere transtorno psicótico, dizem psiquiatras

Para um psiquiatra, avaliar um caso à distância, com poucas informações disponíveis, como o do atirador que invadiu a escola em Realengo, no Rio, é uma tarefa complicada. Mas profissionais ouvidos pelo UOL Ciência e Saúde concordam que as características do caso lembram o de um quadro psicótico.

Pessoas que têm algum tipo de transtorno psicótico, como os esquizofrênicos, costumam apresentar delírios (pensamentos distorcidos, que não condizem com a realidade). “A pessoa pode acreditar que têm alguma missão ou achar que está sendo perseguida, e essa crença invade a mente com uma intensidade que o indivíduo passa a viver em função daquilo”, explica o psiquiatra forense Eduardo Henrique Teixeira, professor da PUC de Campinas.

Outras características comuns na psicose são alucinações (como ouvir vozes ou ver o que não existe), fala e pensamento confusos, tendência ao isolamento e envolvimento com teorias místicas ou religiosas. Teixeira comenta que o transtorno é mais comum em pessoas do sexo masculino e costuma se manifestar na adolescência ou no início da idade adulta. “Muitas vezes a família não percebe porque acha que o comportamento 'é coisa da idade'”, diz.

De acordo com o psiquiatra, o transtorno pode ser deflagrado por algum fato – como um trauma ou uma doença – desde que a pessoa tenha alguma predisposição.

O psiquiatra Sérgio Tamai, da Santa Casa de São Paulo, acrescenta que a esquizofrenia tem componentes genéticos, mas é possível ser portador dos genes envolvidos e nunca manifestar a doença.

Tanto Teixeira quanto Tamai concordam que a carta deixada pelo assassino traz indícios de que se trata de alguém com transtorno psiquiátrico. Mas eles ressaltam que também é preciso considerar a hipótese de uma reação deflagrada pelo uso de drogas, como cocaína e crack.

Embora o caso tenha certa semelhança com os massacres em escolas frequentes nos EUA, Tamai reforça as diferenças: “Lá muitos crimes foram causados por indivíduos populares, com bom rendimento escolar; eram casos que tinham mais relação com bullying e o acesso fácil a armas”, observa.

Violência é exceção

Os psiquiatras também fazem questão de enfatizar que a violência é exceção, e não regra, nos casos de transtorno psicótico. “Os esquizofrênicos, em geral, têm uma postura mais de recolhimento e geralmente não conseguem planejar algo direito”, conta Tamai. Segundo parentes e conhecidos do atirador, o rapaz era calado e interagia pouco.

Em tese defendida na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Teixeira comprova a premissa.  Ele analisou pacientes da Casa de Custódia de Franco da Rocha, em São Paulo, e garante que o grupo de psicóticos que praticam crimes é muito particular. “Se você for analisar estatisticamente, verá que um doente mental não oferece mais risco à sociedade que um cidadão comum”, relata.

Associar transtornos psiquiátricos a violência, aliás, só aumenta o estigma desse tipo de doença e faz com que menos gente incentive um parente com comportamento suspeito a procurar tratamento.

Fonte: UOL Saúde